quinta-feira, 7 de março de 2019


A MAO  DELE



A mão dele

Aquela que já afagou os meus cabelos,

Se passeou pelo meu ventre

Me acenou beijos

Do outro lado da estrada

A mesma que deu banho ao nosso filho

Lhe limpou as lágrimas de dor e de birra

E lhe acariciou o rosto



A mão dele

Hoje largou-se no labirinto da fúria

E essa mesma mão que eu julgava  familiar e segura

Socou brutalmente a minha fragilidade

E o meu medo



Se uma mão é uma pessoa

A quem pertence esta

E desde quando?



Paula Sá Carvalho, Março de 2019