terça-feira, 31 de julho de 2018

















Os semáforos



Eu e o bom senso

Apanhámos eléctricos em direcções diferentes

Um ía para lá

O outro já regressava

Inversamente vimos as mesmas janelas

Umas fechadas

Outras sorridentes de sol

As mesmas pedras da calçada

Pisadas por sapatos

Com donos mais ou menos familiares

Vimos as árvores a entontecer de calor

E a perder sombra

Vimos a chuva

Espelhar-se nos chapéus molhados



E nesse caminho que fizemos

Desencontrado no sentido

Avançámos pelos dias

Criando calendários sonâmbulos

Pois tanto eu como o bom senso

Sabemos perder-nos em tricas de compreensões absurdas



Quando acordámos na última paragem

Eu para lá

O bom senso para cá

Só nos apeámos quando as gaivotas acordaram os semáforos



Paula Sá Carvalho, 30 de Julho 2018

quarta-feira, 18 de julho de 2018









Um dia que só nasceu para ti



E eu

Sempre em transição

Desprotegida nas esquinas

Das rotinas

Sem abrigos

Nos planaltos infindos

De baixos e altos

A escalar montanhas de inquietudes

Herdadas e emprestadas

Em que a contagem do tempo

Levou-a o vento

...

Só por pousar o olhar em ti

Encontrei o jardim

Das flores mais coloridas

Aquietadas pela brisa

De uma tarde de Verão

Num dia que nasceu para ti



Paula Sá Carvalho

à Lara  20/07/2018

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Related image


RELÓGIOS

O tiquetaque
Aborrece-me
Faz-me perder tempo
Escutar o sopro
Do momento

Paula Sá Carvalho, Julho 2018