quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Christmas Time... forever...

 
Se fosse sempre Natal
Estaríamos mui confundidos
Pois não seria normal
Sermos todos sempre amigos
 
Ser humano é tão especial
Que só com data marcada
É que pode haver aval
Para a bondade ser fada

Mesmo com esta bonomia
Ainda sobra para o negócio
Com as armas que já havia
Faz-se guerra e não ócio

Pois matar para não morrer
É mui nobre actividade
Basta só para isso ler
A história  da humanidade

Vamos pelo sonho vamos
Dizem alguns entusiasmados
Enquanto outros causam danos
No que estão mui empenhados

Agradecemos ainda haver Natal
São diamantes os minutos de paz
Mesmo se reduzidos no final
A milénios de faz e desfaz

Paula Sá Carvalho, 24 de Dezembro de 2014

terça-feira, 11 de novembro de 2014


INTERVALO

Faço muito intervalos na minha existência
Uns são longos outros são mais breves
Mas todos eles me devolvem a essência
Que habita os corações mais leves

Pudera eu ser somente um intervalo
Pois entre o que tenho e o que desejo
Há o fosso de um mundo a cantar de galo
Porque não censura em tudo o que vejo

Disseram-me sempre que os castelos
São do ar feitos e mais que rarefeitos
Eu teimosamente prefiro ver belos

Mesmo a fealdade de alguns trejeitos
Que querem já nasci assim e então
Gosto de sorrir com os olhos e com o coração

Paula Sá Carvalho, Novembro 2014

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Aos saudosos...


SAUDADE
 
Ai as saudades que às vezes sinto de ti
Como uma pequena dor magoada
Este suave aperto que vive em mim
E me embala pelos dias de enfiada
 
Por vezes adormece e tenuemente
Habita-me sem se mostrar
Mas sorri-me permanentemente
Mesmo quando me faz chorar
 
E estas lágrimas que não consigo arrancar
Deste meu triste coração
Secam-se na esperança de encontrar
 
Um pouco mais do calor desse Verão
Que eu pensava eterno e não sabia
Que acabaria para sempre um dia
 
Paula Sá Carvalho, Setembro de 2014

domingo, 31 de agosto de 2014



Intervalo (Pijama day)

Ao sétimo dia
Descanso
Não criei o Mundo
Nem inventei nada
Ainda assim
Estou cansada

Paula Sá Carvalho, Agosto/2014 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014


Este poema é dedicado a todos os "distraídos" que há por esse mundo fora
**bem-hajam **

O meu Eu distraído

Distraí-me
A olhar pela janela
Os arcos-íris da infância
E à procura da arca do tesouro

Distraí-me
A ouvir o sussurro das árvores
O murmúrio cantante do mar
E a içar a vela deste presente

Distraí-me
A sentir a seda do teu sorriso
A quentura do teu abraço
E a criar a semente do futuro

Distraí-me tanto ou tão pouco
Que fiquei pasmada de inércia
Pregada à quietude como as árvores
Impotente como todos os indefesos

Distraí-me
Mas entretanto sorvi plenamente
O perfume que só há nos jardins
Dos puros
Bebi o néctar mais doce
Que qualquer fruto proibido
E sonhei
Com o voo da Fénix
Transformado em mim

Paula Sá Carvalho, 13/8/2014

quarta-feira, 23 de julho de 2014

a todos os que aflitos de dor se multiplicam cada vez mais por esse mundo fora, dedico este poema

 
OS DEUSES
 
 
A pedra fria
Mágica
Erguida por séculos
E séculos
De memória sepulcral
De imagens
E de cores
Que gritam
Ao sol para entrar
Nos passos do chão
Quebraram-se corações
Uns sinceros
Outros não
Mas todos aflitos
Beberam da mesma água
Benzeram a mesma
Aflição
Alumiaram as noites
Dos habitantes da bruma
Salvaguardando-se da cegueira
Colhendo pirilampos
No além-amar
Desses corações
Saíram ais
Lágrimas e sangue
Lágrimas de alguns
De outros o verbo
Todos eram filhos comuns
 
Paula Sá Carvalho, Julho/2014

quinta-feira, 3 de julho de 2014


INTERVALO
 
Eu estava morta
E renasci
Encontrei espelhada em mim
A mesma imagem
E reconheci
O olhar líquido
O sorriso enviesado
O perfume da manhã
A claridade do entardecer
E altos
Soberbos e erectos
Os pinheiros entrançados
Daquela floresta
Dos meus verdes anos
E o som do mar
Idêntico ao ondear
Da espuma das manhãs
Adiantadas
 
Eu estava morta
E renasci
Encontrei no momento
O alegre e triste
Sentimento
Do princípio
E do fim
 
Paula Sá Carvalho, 2014

domingo, 15 de junho de 2014

estórias de uma paciente impaciente vividas nos últimos dias...

Estou com a pedra

Dizem os doutos cheios de duvidas
Mais exames vai ter de fazer
Vimos aqui uma areias húmidas
Ficamos sem certeza de tanto saber

E eu ali andei às horas agastada
Com dores e uma vontade imensa
De levar tudo o mais de arrastada
Para que vissem bem a minha presença

Estou com a pedra até pode ser
Mas vocês o que é que andaram a tomar
Parecem umas aventesmas a perder

Todas as penas antes de me depenar
Raios partam estes doutos doutores
Que examinam tanto e não tiram dores!

Paula Sá Carvalho, Junho/2014 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Há dias assim...talvez com umas quadras se apreciem melhor as cores

Que pincel!

Disseram-me um destes dias
Para não ser tão ingénua
- Pensava que tu já sabias
Que inocente nem a anémona

Levarei tempo a compreender
Mas prometo o esforço redobrar
Que querem, eu no meu entender
Mesmo com óculos vejo mal

Vejo mal e estou ceguinha
Por isso só pinto colorido
Todo o cinzento que se adivinha
Deixa o meu pincel fodido

Diz ele com alguma autoridade
- Isto não tem por onde pegar
Gente de merda não tem idade
E eu estou à beira de me reformar!

Paula Sá Carvalho, Junho/2014

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Um dia destes, depois de ter ouvido cantar fado, "chorei" este poema

Fado

Solta esse cante
Solta o chorar da guitarra
Abraça o imprevisto
Que existe sempre
Entre ti e a mágoa
E no entretanto
Passeia-se a saudade
Parece menina
Mas é eterna
Pois não tem idade
E ignora completamente
O que é chorar
De gente

Paula Sá Carvalho, Maio/2014

terça-feira, 20 de maio de 2014

Intervalo

Os dias cá vão passando
Uns depois dos outros
Como convém
Só que de vez em quando
Surgem do nada uns dias
De ninguém

E é nesse espaço sem nome
Que só me apetece voar
Soltar a língua e gritar
Enfim
Que posso dizer
Apetece-me sonhar


Paula Sá Carvalho, 2014

terça-feira, 13 de maio de 2014

Por vezes sentimo-nos assim...

A dor

A dor
Não tem cor
De pele
Nem padrões
De estética
A dor
É uma parcela de nós
Que deixa de ser voz
E passa a ser ruído
Um ruído contínuo
E sem prazo de validade


Paula Sá Carvalho, 2014

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Liberdade

Vieram ventos e tempestades
Vieram longas noites e dias
Depois da união das metades
Poderá enfim ser como querias

E quando crescerá esta humanidade
De forma a olhar o outro de frente 
Quando compreenderá a verdade
Que há no igual e no divergente

Assim pudéssemos todos caminhar
Lado a lado ou de mãos dadas
Em vez de num ancestral ignorar

A solidariedade e o respeito não são fadas
Para onde caminhamos tão ceguinhos
Que nem vemos tão belas flores nos caminhos

Paula Sá  Carvalho, 24 de Abril de 2014

sexta-feira, 11 de abril de 2014


 
à minha cidade!
 
LISBOA

Nome e apelido
Colinas & maresia
Brisa leve
Tempestade
Riso breve
Saudade
 
Chora a guitarra
E chora a vizinha
Será que choram dor
Igual à minha

Amores perdidos
Amores encontrados
Vem junto a mim
À varanda
Deleitar-te de céus alaranjados

Sobe a calçada
E não tropeces na esquina
No cruzamento
Mulher/Menina

Ao sinal vermelho
Pára
Ou então acelera
Reage
Interage
Não te esqueças de respirar
Também podes navegar
Num sonho à vela


Paula Sá Carvalho, Abril de 2014

sexta-feira, 7 de março de 2014


Este é um poema que dedico especialmente à parte do todo a que pertenço
 
Ser Mulher
 
Deixam-me nascer
Às vezes
Para me aprisionarem
No meu corpo
Quase sempre
 
Enquanto jovem e bela
Desejam-me com gulodice
Quando cansada e velha
Trocam-me pela meninice
 
Dizem-me romântica
E pouco sexual
Até inventaram para o efeito
A máquina de lavar
 
Quase todos os manuais indicam
Junto com estudos sapientes
Somos feitas de uma matéria-prima
Que nos molda e nos transforma
Em seres divinais e omnipresentes
 
Para alguns
Somos a tempo inteiro
Para tantos
Servimos de cinzeiro
 
Quantas vezes nos colocamos
Pelos dias mais sombrios
À disposição de uns óculos escuros
Para evitar desafios
 
Nunca conseguimos atingir a meta
Mesmo se para além dela já partimos
(A história da humanidade é certa
Muitas vezes escrita de espada à cinta
E por pernas do meio como previmos)
 
Raros são os que sabem pensar
De mão dada com o seu par
Lado a lado a construir
A par e passo a recolher
O fruto apetecido
Trincado no devir
 
Em igualdade
E sem maldade...
 
Paula Sá Carvalho, 7/3/2014

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014


Por conta do Amor...

 

Abraço

 
Aproxima-me como uma carícia

Sopra-me esse elixir

De luz e calor

E abraça-me

Já percorremos juntos

Tantos trilhos

Sentemo-nos

A fragância dos sentidos

É agora o nosso único movimento

 

Paula Sá Carvalho, Fevereiro de 2014

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014


 

O Inverno dos outros

 

Não sei por que sinto o frio

Dos que estão sós sem um abraço

Sem um cobertor

Sem um sorriso

Não sei por que tremo de frio

E por que razão não sorrio

 

 

Paula Sá Carvalho, Janeiro 2014