segunda-feira, 28 de junho de 2021

 









Matéria-prima

 

Estou por aqui embrulhada

Em cansados pensamentos

Amanheci de madrugada

Em desassossegados lamentos


É sempre tudo tão indefinido

No peso dos dias e das noites

Ó viver dolente e contido

Liberta-te e não te afoites

 

Deixa o rio galgar as margens

Não ignores o canto dos pardais

Nem a carícia das aragens


Deixa fluir e o menos será mais

Pois em todos os momentos

Só há passos no devir dos elementos

 

Paula Sá Carvalho, Junho 2021


sexta-feira, 23 de abril de 2021

 









Abril reinventado

 

Levantam-se por aí muitas vozes

Umas contra outras a favor

Dos que só correm velozes

Se a música for em seu louvor


Se tivessem num outro olhar evoluído

Saberiam o peso das sombras

O que é viver de riso reprimido

E o encurtar de pernas longas

 

Mas num volteio de dança a cilada

Que até os sonhos quis dirigir

Despontou a liberdade e a palavra

 

Ritmando em exuberância o florir

De todos os jardins e afins

E de esperança coloriu

O coexistir

 

Paula Sá Carvalho, Abril 2021


quinta-feira, 4 de março de 2021





Não sei escrever saudade

 

Não sei escrever saudade

O que sinto é de uma força

Sempre reavivada

No corredor dos dias


E que perdura

E perdura

 

Numa ousadia

De eterna ternura

 

Paula Sá Carvalho, 4 de Março de 2021

Ao meu Pai, sempre.