quarta-feira, 19 de dezembro de 2018




















Boas Festas Mundo

Se não tivessem inventado a fotografia
Eu não via
Se a viagem durasse meses, anos
Eu não sabia
Assim percorro o planeta
Em 5 minutos
Incrédula com esta humanidade
Tão pia
Tão crédula
Tão crápula
Tao minúscula

Vale-me o sorriso da criança
Sem fome
Abraçada aos dias
Com Amor

Que se lixe o Mundo
E quem provoca a dor
Eu estou no intervalo
Deste filme de terror
A saborear abraços
!

Paula Sá Carvalho, Dezembro 2018




sexta-feira, 9 de novembro de 2018


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Existências 1



Dia não

Dia sim

Talvez

A ver

Assim assim



Existências 2



Linhas rectas

Circulares

Oblíquas

Cruzamentos

Transversais

E outras que tais

...



Paula Sá Carvalho, Novembro 2018

quinta-feira, 4 de outubro de 2018


demo 24

Procurei o poema

No céu enviesado
De noite cheia de lua
No uivar dos cães
Vizinhos mas invisíveis

Na brisa ondulante

Procurei o poema
Nas lágrimas escondidas
Nos apertos indecifráveis
Nas tristezas caladas

Nas esperas de ti

Procurei o poema
Nos sorrisos da criança
Passeando pelo jardim
Que tão ladina construí

O poema suspirou
E saiu de mim

Como se fosse natural
Abandonar-me assim

Paula Sá Carvalho, 2018

quarta-feira, 22 de agosto de 2018




La photo du jour: 22 août, la Schueberfouer n'attend plus que vous !

Silly season no Luxemburgo


Não tem gaivotas este céu
Nem a luz irradiante de Lisboa
Mas nasceu límpido sem véu
E nem a passarada nele destoa

É um lugar mais a norte
Onde o mar não tem morada
Tem uma brisa que com sorte
Não traz a gélida nortada

Pelas calçadas soam em passeios
Línguas e usos de tantos lugares
Correram mundo por muitos meios

Que é difícil identificar olhares
Tanta e tão variada é a gente
Talvez por isso
 não me sinto diferente


Paula Sá Carvalho, Agosto 2018

terça-feira, 31 de julho de 2018

















Os semáforos



Eu e o bom senso

Apanhámos eléctricos em direcções diferentes

Um ía para lá

O outro já regressava

Inversamente vimos as mesmas janelas

Umas fechadas

Outras sorridentes de sol

As mesmas pedras da calçada

Pisadas por sapatos

Com donos mais ou menos familiares

Vimos as árvores a entontecer de calor

E a perder sombra

Vimos a chuva

Espelhar-se nos chapéus molhados



E nesse caminho que fizemos

Desencontrado no sentido

Avançámos pelos dias

Criando calendários sonâmbulos

Pois tanto eu como o bom senso

Sabemos perder-nos em tricas de compreensões absurdas



Quando acordámos na última paragem

Eu para lá

O bom senso para cá

Só nos apeámos quando as gaivotas acordaram os semáforos



Paula Sá Carvalho, 30 de Julho 2018

quarta-feira, 18 de julho de 2018









Um dia que só nasceu para ti



E eu

Sempre em transição

Desprotegida nas esquinas

Das rotinas

Sem abrigos

Nos planaltos infindos

De baixos e altos

A escalar montanhas de inquietudes

Herdadas e emprestadas

Em que a contagem do tempo

Levou-a o vento

...

Só por pousar o olhar em ti

Encontrei o jardim

Das flores mais coloridas

Aquietadas pela brisa

De uma tarde de Verão

Num dia que nasceu para ti



Paula Sá Carvalho

à Lara  20/07/2018

sexta-feira, 13 de julho de 2018

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RELÓGIOS

O tiquetaque
Aborrece-me
Faz-me perder tempo
Escutar o sopro
Do momento

Paula Sá Carvalho, Julho 2018

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Résultat de recherche d'images pour "cipestre"

Sem "encore"
 
 
Já pensei muitas vezes
Com os meus botões
Ou sem eles…
Que morrer é só e unicamente
 
Deixar de ser
Palpável
Num beijo
Num abraço
Dos que amamos
 
Deixar de ouvir
Em cantata
Ao ritmo do Fado
Do rock
Ou dos passarinhos
As vozes que amamos
 
Deixar de ver
A cor a variar
Nas estações que cíclicas
Nos despertam o ócio
Espreguiçado
Nos perfis que amamos
 
Deixar de tocar
O espaço
Preenchido por ternuras
Aveludadas
E outras loucuras
Nas mãos que amamos
 
Deixar de saborear
O petisco de estar viva
E o apetite insaciável
De ternas iguarias
Aromatizadas
Com os gestos que amamos
 
Deixar de sentir
O cheiro a Sol
Terra regada pela chuva de Verão
Passos na praia
A amolecer de calor
A par dos passos que amamos
 
Entretanto de tanto pensar
Cansei os meus botões
Para concluir humildemente
Que morrer
É antes de mais
E sobretudo
Perder…
 
Paula Sá Carvalho, Junho 2018

terça-feira, 29 de maio de 2018

Résultat de recherche d'images pour "fotos gente a atravessar as ruas da cidade"


Silêncios
 
Há tristezas que não se falam
E dores zangadas
A crescer
Feridas saradas
Ainda a doer
 
Há tristezas que não se falam
Criam silêncios
Como buracos
Luzem em sóis
Opacos
 
Há silêncios que não se falam
Tristemente enquadrados
Nos quotidianos
De vidas esguias
Sem ramos
 
 
Paula Sá Carvalho, Maio 2018

segunda-feira, 30 de abril de 2018



Résultat de recherche d'images pour "fotos gratis natureza"


Existir
 
Se todos os caminhos têm fim
E todo o caminhar é errante
Será a procura íntima de mim
Um ocaso esquecido do levante
?
Se os lugares a que chegarmos
Forem só a sombras desenhados
Todos os dias que recriarmos
Coloridos solares e encantados
 
Vão-se perdendo na memória
Daqueles espaços delimitados
Pelo irrisório da glória...
 
Mas se intensamente amados
Serão combustível de todo o viver
E venha o que vier
     eu não vou morrer
 
Paula Sá Carvalho, Abril 2018

domingo, 15 de abril de 2018

Resultado de imagem para fotos de luto

Abril a florir

Abril a florir
Aqui
Despontam coloridas
As flores do jardim
Mas não ali
Onde o fogo consome
Tudo o que move
Restam as feridas
Batalhas perdidas
Dedos no botão vermelho
A ignomínia
De tanta mão sem freio

Abril a florir

Aqui
E o pai natal
Que já não sorri
Ali
A distribuir embrulhos
Sem laços
Pelas chaminés
Sem traços
....

Paula Sá Carvalho, Abril 2018

quinta-feira, 15 de março de 2018


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Renascer

E lentamente se ergue
A haste que na terra
Aconchegou
O desejo de ser flor


Paula Sá Carvalho, Março 2018

domingo, 4 de março de 2018

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Março

Despertam mais alegres as manhãs
Na geada que veste o meu jardim
Mas porque será que são tão vãs
As tuas tentativas de minorar em mim

Este frio que escultura as árvores
Este sol húmido que não me aquece
Esta tristeza inscrita em mármores
De um tempo perdido que não esquece

Sabes Março nem tudo é Primavera
Só porque os pássaros regressam
E tu nessa generosidade de cada era

Sopras ventos sibilinos que professam
Que é tão só aguardar pacientemente
Que os bolbos renasçam ciclicamente

(e haja flores no meu jardim)

Ao meu Pai...
Paula Sá Carvalho, 4/3/2018

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018


Résultat de recherche d'images pour "fotos dança carnaval pagas grátis"
 
Carnaval
 
Dizem que é pagão
O teu coração
Que o entrudo
É tudo menos mudo
E que a dança
É cheia de pança
 
Dizem que é disfarçado
O teu fado
Que essa tua voz
Não somos nós
Que o riso da liberdade
Mascara verdade
 
Se dizem tudo isso
Saberão
Ou não
Que o que é preciso
É só e unicamente
Descaradamente
Perder o juízo!
 
Paula Sá Carvalho, fevereiro 2018
 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018





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A música

 

Quase todos os casais têm uma música

Com uma voz a cantar saudade amor e paixão

Ou outra chama qualquer

Que entretanto parece que se apagou

Mas quando a música toca

Nas cinzas aparece ainda o odor

Que os faz recordar momentos

Ternuras

Loucuras

Que os fez sentir impares

Num universo de cópias

 

Para nós

Não existe essa música

Gravada no álbum de um tempo

Definido

Para nós

A música é outra

E quando recordo os momentos

Fulgurantes

Que entretanto me fazem doer a saudade

Só oiço o sussurro do vento

O riso do mar em dias amenos

E no som dos teus passos

Um sorriso

Um leve sorriso

De felicidade

 

Paula Sá Carvalho, Janeiro de 2018