terça-feira, 31 de julho de 2018

















Os semáforos



Eu e o bom senso

Apanhámos eléctricos em direcções diferentes

Um ía para lá

O outro já regressava

Inversamente vimos as mesmas janelas

Umas fechadas

Outras sorridentes de sol

As mesmas pedras da calçada

Pisadas por sapatos

Com donos mais ou menos familiares

Vimos as árvores a entontecer de calor

E a perder sombra

Vimos a chuva

Espelhar-se nos chapéus molhados



E nesse caminho que fizemos

Desencontrado no sentido

Avançámos pelos dias

Criando calendários sonâmbulos

Pois tanto eu como o bom senso

Sabemos perder-nos em tricas de compreensões absurdas



Quando acordámos na última paragem

Eu para lá

O bom senso para cá

Só nos apeámos quando as gaivotas acordaram os semáforos



Paula Sá Carvalho, 30 de Julho 2018

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