Os semáforos
Eu e o bom senso
Apanhámos
eléctricos em direcções diferentes
Um ía para lá
O outro já
regressava
Inversamente
vimos as mesmas janelas
Umas fechadas
Outras
sorridentes de sol
As mesmas pedras
da calçada
Pisadas por
sapatos
Com donos mais ou
menos familiares
Vimos as árvores
a entontecer de calor
E a perder sombra
Vimos a chuva
Espelhar-se nos
chapéus molhados
E nesse caminho
que fizemos
Desencontrado no
sentido
Avançámos pelos
dias
Criando
calendários sonâmbulos
Pois tanto eu
como o bom senso
Sabemos
perder-nos em tricas de compreensões absurdas
Quando acordámos
na última paragem
Eu para lá
O bom senso para
cá
Só nos apeámos
quando as gaivotas acordaram os semáforos
Paula Sá Carvalho,
30 de Julho 2018
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