quinta-feira, 10 de dezembro de 2015


A janela

 

Só vejo a noite ainda arrefecida

E as luzes insistentes

Da cidade

Na calçada adivinho passos

E um burburinho crescente

A quebrar-me do silêncio

Portas a abrir e a fechar

O cheiro do café a beber-se

Apressado


Da minha janela

Adivinho o mundo

De gente que não conheço

 

Que tamanho tem a sua sombra

Que sinceridade encanta o seu sorriso

Que mágoas temem o seu olhar

 

Quantas mãos escondidas

No bolso das suas vidas

?

 

Paula Sá Carvalho, Dezembro de 2015