Ser Mulher
Deixam-me nascer
Às vezes
Para me
aprisionarem
No meu corpo
Quase sempre
Enquanto jovem e
bela
Desejam-me com
gulodice
Quando cansada e
velha
Trocam-me pela
meninice
Dizem-me
romântica
E pouco sexual
Até inventaram
para o efeito
A máquina de
lavar
Quase todos os
manuais indicam
Junto com estudos
sapientes
Somos feitas de
uma matéria-prima
Que nos molda e
nos transforma
Em seres divinais
e omnipresentes
Para alguns
Somos a tempo
inteiro
Para tantos
Servimos de
cinzeiro
Quantas vezes nos
colocamos
Pelos dias mais
sombrios
À disposição de
uns óculos escuros
Para evitar
desafios
Nunca conseguimos
atingir a meta
Mesmo se para
além dela já partimos
(A história da humanidade
é certa
Muitas vezes escrita
de espada à cinta
E por pernas do
meio como previmos)
Raros são os que
sabem pensar
De mão dada com o
seu par
Lado a lado a
construir
A par e passo a
recolher
O fruto apetecido
Trincado no devir
Em igualdade
E sem maldade...
Paula Sá Carvalho, 7/3/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário