A leveza
da infância…
O elogio
Passeava-me
para cá e para lá em cima do muro e com as mãos segurava os folhos do vestido para
que estes fossem evidentes. A minha atenção estava toda concentrada nos passos
rápidos que dava e na leveza dos folhos do meu vestido mas o meu coração ouvia
atentamente a conversa entre a minha irmã e o nosso vizinho.
Eu sabia
que falavam de mim mas procedia como se não o fizessem. Saía reforçada a minha
aparente distância para tudo o que não fosse os folhos do meu vestido.
Nas
minhas idas e vindas, pareceu-me escutar; A tua irmã tem um vestido muito
bonito. Seguiu-se uma resposta de circunstância; Foi a mãe que fez. Também
tenho um igual.
Mais uma
ida e vinda e o meu coração bateu forte, cada vez mais forte, quando percebi
como um sussurro a voz do meu vizinho; Não gosto dos espanhóis mas o vestido da
tua irmã é muito bonito...
Paula Sá Carvalho, Novembro 2015
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